Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto.
Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então, a vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»
Não julgar os outros — «Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco.»
Um dos grandes problemas do mundo é que não sabemos amar; precisamos de aprender. E Jesus diz-nos isso muitas vezes e de forma muito clara neste evangelho: amai os vossos inimigos e tratai os outros como gostariam que eles vos tratassem.
Quantas vezes, no matrimónio, nos acontece entregarmo-nos apenas na medida em que o cônjuge se entrega, percebendo que essa lógica apenas nos afasta um do outro. Mas, especialmente através da graça do nosso sacramento, somos chamados por Deus a ser misericordiosos como Ele nos ensina — a responder sempre, sem esperar nada em troca — e a chegar ao “hoje por ti, amanhã por ti, e por ti, por ti, por ti…”
O Sagrado Coração de Jesus espera-nos sempre para nos dar essa medida generosa, cheia, sacudida e transbordante — tal como a devemos dar ao nosso cônjuge e a todos os outros.
Carlos: Nada de novo, voltei a discutir com a minha mãe. Anda a dizer que se sente negligenciada por mim, mas ela não percebe que só quero o melhor para ela.
Paz: É tua mãe e não te podes deixar levar pelos sentimentos. Sempre esteve ao teu lado quando precisaste dela.
Carlos: Sim, eu sei. E é por isso que me esforço para que esteja o mais bem cuidada possível, mas parece que nunca é suficiente.
Paz: É verdade, ela já está mais velha e és tu quem tem de ceder. Não a podes tratar com base na resposta que te dá, mas sim com base naquilo que precisa.
Carlos: Pois, isso é fácil de dizer, mas ver que ela não me dá ouvidos é muito cansativo e dá vontade de desistir. Além disso, tenho mais irmãos que também podiam assumir essa responsabilidade.
Paz: Eu compreendo, mas tens de ter paciência. Ela também está a passar por uma fase difícil com a ausência do teu pai, e não a podes deixar sozinha, mesmo que te contrarie. Estás a ser um grande exemplo para os teus filhos e, certamente, também para os teus irmãos — que, de certeza, a apoiam à sua maneira.
Carlos: Tens razão outra vez. Sei que a minha entrega não pode depender da resposta dela, nem dos meus sentimentos. Tenho de ceder e continuar ao seu lado.
Paz: Isso mesmo! Tens muito mérito por amar em situações difíceis, quando parece que tudo está contra ti. E não é só com a tua mãe — é incrível o quanto mudaste, colocando os outros à frente de ti próprio.
Carlos: Pode ser, mas tenho a certeza de que o mérito não é só meu.





