Arquivo diário: 23 Junho, 2025

Ser argueiro. Comentário para os Esposos: São Mateus 7, 1-5

Evangelho do dia

Leitura do Santo Evangelho segundo São Mateus 7, 1-5

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não julgueis e não sereis julgados. Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados, segundo a medida com que medirdes vos será medido. Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como poderás dizer a teu irmão: ‘Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, enquanto a trave está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão».

 

Ser argueiro

Somos chamados a amar-nos um ao outro com o mesmo amor com que Deus nos ama, com a mesma caridade com que Deus nos acolhe e, assim, a chegar a amar-nos com autêntica caridade conjugal.

Com que facilidade nos tornamos senhores uns dos outros, julgando e acusando-nos mutuamente pelo que fazemos bem ou mal, querendo estar acima do outro e ter razão em tudo. Mas o Senhor diz-nos que temos a graça do nosso sacramento para superar, para aprender a olhar um para o outro com o olhar com que Ele nos olha e que nos convida, diariamente, a praticar no nosso casamento. Temos que trocar o argueiro pela trave e a trave pela cruz. Só o Senhor pode tirar de um mal, algo melhor. Ao ver o argueiro no olho do meu marido / da minha mulher, apercebo-me da trave no meu olho e assim aprendo a tornar-me pequeno diante do outro, ajudando-o a melhorar em tudo à luz do Senhor. Peçamos ao Espírito Santo a graça de julgar o nosso marido / a nossa mulher apenas para melhorarmos. Que a falha do outro nos ajude a pegar na nossa cruz, aprendendo a ver o nosso pecado através do pecado do outro e, assim, acolhê-lo e amá-lo com maior intensidade.
Que possamos descobrir no nosso marido / na nossa mulher a pessoa única e irrepetível que nos complementa no seu valor infinito e, assim, praticar e procurar a doação mútua em plenitude, por Cristo e em Cristo, manifestando a perfeição do amor na caridade conjugal.

Transposição para a vida matrimonial:

Maria do Mar: Rafael, voltaste a deixar a mesa do pequeno almoço por levantar e, uma vez mais, fui eu que tive de ir arrumar o que foste deixando desarrumado.

Rafael: Desculpa Mar, passou-me completamente, estive mais focado em insistir com as crianças para deixarem o quarto arrumado, para não teres que te preocupar com isso.

Maria do Mar: Lá estás tu outra vez, tens sempre uma desculpa. Sabes bem que detesto ver a cozinha desarrumada e tu arranjas sempre uma desculpa qualquer.

Rafael: Lamento, não sou perfeito e tu só vês o que te interessa. Às vezes, por muito que faça, para ti nunca é suficiente.

(Mais tarde, durante o seu momento de oração conjugal)

Rafael: Obrigado Senhor pela arrumação da Maria do Mar. Bem sabes como sou um desastre na arrumação e às vezes, sem me aperceber, deixo as coisas desarrumadas e com a minha distração, faço sofrer a Maria do Mar. Perdoa-me, Senhor, por ser tão despistado e arranjar desculpas em vez de reconhecer os meus erros.

Maria do Mar: Obrigada, Senhor, pelo Rafael e as suas distrações. Uma vez mais foi consequência da minha preocupação com o meu excesso de ordem. Obrigada Senhor, porque fez um esforço e, pensando em mim, ajudou as crianças a arrumar o quarto, que ficou perfeito, bem, quase perfeito. Perdoa-me Senhor, por não saber colocar os meus dons ao serviço do meu marido e atirar-lhos à cara. Hoje voltei a ver o argueiro no seu olho através do meu excesso de arrumação e a trave da soberba no meu olho, não me deixou ver o esforço que faz diariamente para acolher o meu dom.

Rafael: Vês Senhor como é uma mulher maravilhosa? Obrigado pelo seu carinho e pela paciência que tem comigo.

Maria do Mar: Obrigada Senhor por este marido tão incrível e por todo o esforço que faz por mim.

 

Mãe,

Que o meu coração seja semelhante ao do teu Filho, manso e humilde, que eu não julgue o meu marido, mas que o meu olhar seja limpo e misericordioso. Que eu o veja com os Teus olhos. Louvado seja Deus.