Arquivo mensal: Agosto 2025

A melhor recompensa. Comentário para os Esposos: Mateus 23, 23-26

Evangelho do dia
Leitura do Santo Evangelho segundo São Mateus 23, 23-26
Naquele tempo, disse Jesus: «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Devíeis praticar estas coisas, sem omitir as outras. Guias cegos! Coais o mosquito e engolis o camelo. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, que por dentro estão cheios de rapina e intemperança. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo».

A melhor recompensa

Quantas vezes nos aconteceu o mesmo que aos escribas e fariseus! Preocupamo-nos com centenas de coisas e esquecemo-nos do mais importante: o nosso Sacramento.
Preocupamo-nos com o exterior: em ter feitas as tarefas domésticas e cumprir a nossa parte, o nosso trabalho, o nosso momento de descanso, com sorte, um momento de oração… sem parar um segundo para ver o estado do nosso coração e da nossa comunhão.
Nosso Senhor pede-nos que prestemos atenção à justiça, para nos entregarmos ao nosso cônjuge tal como nos comprometemos, usando misericórdia, compadecendo-nos dos seus sofrimentos e misérias quando está a passar por um momento difícil, evitando o julgamento, evitando pensamentos, olhares ou actos que não são próprios do nosso Sacramento. Que quando Nosso Senhor olhar para nós, não tenha que nos dizer: Ai de vós…! Limpemos o nosso coração. Com certeza irá doer, mas a recompensa é grande: o Céu.

Transposição para a vida Matrimonial

(Ana a falar com um sacerdote)
Ana: Padre, estou péssima. Estou há três dias sem rezar o terço e, na verdade, não estou a cumprir fielmente o tempo de oração a que me propus… Também me esqueci de fazer um acto de mortificação e acho que exagerei muito na comida no outro dia, quando tivemos um jantar. Enfim… um desastre.
Sacerdote: Minha filha, é muito importante cuidar da oração, do terço e de tudo o que disseste, é verdade, e deves fazê-lo. Mas nunca te esqueças que, como dizia São João da Cruz, no final da vida, seremos examinados pelo amor. Deus não olha para o que fazemos, mas para o amor com que o fazemos. Ele olha para o amor com que rezas o terço a Maria, olha para o teu amor na oração a Deus, olha para o quanto amas o teu marido em cada pequeno gesto de entrega. Se te mortificas, pensa bem porquê e para quê. Não se trata do que fazes, mas do quanto consegues amar.
Ana: Na verdade, senhor Padre, muitas vezes estou angustiada com o que tenho que fazer e com as minhas falhas, mas algo me dizia que não estava a focar-me no essencial.
Sacerdote: Ama, minha filha, apaixona-te ardentemente por Jesus, ama-o com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente, e ama o teu marido como Cristo te ama. O resto virá por si só.
Ana: Obrigada, senhor Padre, pela sua ajuda.

Mãe,

É no Teu Coração Imaculado que me quero rever. O Teu Coração Imaculado é a alegria de Deus. Ajuda-me a amar como Tu, em Ti e contigo. Louvados sejam os Corações de Jesus e Maria!


Por dentro ou por fora? Comentário para os Esposos: São Mateus 23, 13-22

Evangelho do dia

Leitura do Santo Evangelho segundo São Mateus 23, 13-22

Naquele tempo, disse Jesus: «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque fechais aos homens o reino dos Céus: vós não entrais nem deixais entrar os que o desejam. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque dais volta ao mar e à terra, para fazerdes um convertido, mas, tendo-o conseguido, fazeis dele um merecedor da Geena, duas vezes mais do que vós. Ai de vós, guias cegos, que dizeis: ‘Quem jurar pelo santuário a nada se obriga; mas quem jurar pelo ouro do santuário tem de cumprir’. Insensatos e cegos! Que vale mais: o ouro ou o santuário que santifica o ouro? Dizeis também: ‘Quem jurar pelo altar a nada se obriga; mas quem jurar pela oferenda que está sobre o altar tem de cumprir’. Cegos! Que vale mais: a oferenda ou o altar que santifica a oferenda? Na verdade, quem jura pelo altar jura por tudo o que está sobre ele. E quem jura pelo Santuário jura por ele e por Aquele que o habita. E quem jura pelo Céu jura pelo trono de Deus e por Aquele que nele está sentado».

 

Por dentro ou por fora?

Neste Evangelho, vemos como Jesus sofre e suspira. A razão é simples: Ele quer a salvação de todos os seus filhos. Por isso, vemos como corrige os fariseus que não vivem a verdade da Revelação que Deus manifestou através dos profetas. Eles ficaram-se pelo que é externo, justificando assim a sua fé na aparência e não na verdade.

Nós também podemos ficar nos actos externos sem aprofundar a transcendência que cada um deles tem e, pior ainda, ensinar isso aos nossos filhos, ao nosso cônjuge… com as consequências que isso tem para as suas almas.

Muito orgulhosos, elaboramos uma lista mental das coisas boas que «fizemos», nas quais, às vezes, nos olhámos a nós mesmos sem cuidar do trato profundo e delicado com Aquele que nos ama e se entregou por nós. Por exemplo, assistimos à Missa apenas com o nosso corpo, fazendo todos os gestos e dizendo as respostas de forma mecânica… ficando muito «satisfeitos» por ter assistido à Missa. A verdade, no entanto, é que a nossa alma não estava lá, o nosso coração não estava no altar junto ao de Jesus. Nessa Eucaristia, assim vivida, na nossa liberdade, fazemos que se torne difícil a Nosso Senhor pegar no nosso coração e levá-lo para junto do Seu, para o transformar. Ainda bem que Deus é misericordioso e nos surpreende suprindo a nossa fraqueza, por isso sempre é melhor estar na Missa de forma imperfeita do que não estar.

 

Transposição para a vida matrimonial

Benedita: Paulo, vamos à Missa um pouco mais cedo para rezar um pouco e nos prepararmos?

Paulo: Claro! Acabo já o que estou a fazer e vamos.

Benedita: Lembras-te de como te custava ir à Missa? Imagina se naquela altura ainda te pedisse para ir um pouco mais cedo, como fazemos agora… (risos).

Paulo: É verdade, eu ia porque tu me pedias, mas não vivia o que cada momento significava. Ir à Missa era estar lá e esperar que o tempo passasse e que o Padre dissesse «ide em paz», o que para mim significava «já podes ir beber a tua cerveja».

Benedita: Ha, ha, ha, ha!

Paulo: Nosso Senhor teve paciência comigo e tu também. Agora peço sempre a Nossa Senhora que coloque o meu coração no altar para estar muito perto de Jesus e assim Ele o transformar e eu ser um marido melhor para ti.

Benedita: Pois olha que funciona, meu tesouro! Como disse aquele Padre na homilia, é preciso deixar de «fazer» coisas de cristãos para começar a ser cristãos.

Paulo: Mas a cerveja podemos manter!

 

Mãe,

Ajuda-nos a manter a nossa alma atenta, para ver e saborear o sobrenatural da nossa vida. Louvado seja o Senhor!


Conhece-l’O? Ele conhece-te? Comentário para os esposos: Lucas 13, 22-30

Evangelho do dia
Leitura do Santo Evangelho segundo São Lucas 13, 22-30
Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava. Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’. Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças’. Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’. Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora. Hão de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus. Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».

 
Conhece-l’O? Ele conhece-te?

Seria terrível ouvir da boca de Jesus: «Não sei quem és» no dia em que nos encontrarmos com Ele. Conhecê-Lo significa estabelecer uma relação de intimidade cada vez mais profunda, até alcançar uma comunhão que será perfeita no céu, mas que já experimentamos aqui. Que paz se encontra na alma quando se vive unido ao Coração de Jesus. Mas o teste para saber se não estou a deixar-me levar pelo meu egoísmo, conforto, paixões, etc. está nas obras que faço. São João Paulo II ensina-nos que é no relacionamento que se expressa o amor, especialmente com o meu cônjuge e também com os que me rodeiam. Posso fazer novenas, apostolado, adorações, mas deixar o meu marido / a minha mulher abandonado(a). Ao mesmo tempo acabo por deixar o Esposo (com maiúscula, o Senhor), abandonado também. Ouçamos na oração como Ele nos diz para O amarmos concretamente, nas relações que Ele nos coloca, que no caso do casamento são os respetivos esposos.
O casamento é um caminho maravilhoso para conhecê-Lo e para nos conhecermos e, assim, conhecer Jesus através do meu marido / da minha mulher. Há esposos que vivem sem se conhecerem porque não construíram uma relação de intimidade, até chegar um momento em que não se conhecem e acabam por se separar. Conhecer o Coração do Senhor leva-me a conhecer-me a mim mesmo e ao meu marido / à minha mulher, e pouco a pouco sermos os dois um só no Senhor.

 
Transposição para a vida matrimonial:

Teresa: Agradeço tanto a Deus por nos ter levado por este caminho de conversão e descobrirmos a maravilha que é o Sacramento do matrimónio.
Ângelo: Conversão, Maria? Mas nós já éramos praticantes…
Teresa: Ah, Ângelo, mas levávamos tudo pela rama, com uma fé medíocre e conformista! Íamos à Missa ou ao grupo de casais como quem vai às compras, quando tem que ser, como se de mais um programa se tratasse. Agora é diferente, não achas?
Ângelo: Tens razão, Maria, agora aprendemos a procurar a intimidade com o Senhor na oração, a ter Deus presente em todas as coisas que fazemos. Antes não era assim.
Teresa: Descobrimos que Cristo está no meio de nós e, com a oração conjugal, criámos uma intimidade inimaginável entre nós e Ele.
Ângelo: Sim, é incrível! Também aprendemos a ver a Sua vontade em tudo o que nos acontece, tanto no bom como no mau, e a confiar.
Teresa: Acho que temos muito a agradecer pela nossa conversão, não achas?
Ângelo: Tens toda a razão, vamos fazer hoje a nossa oração e dar graças a Deus por esta verdadeira conversão do nosso coração. Que privilégio sermos tão amados por Ele!

Mãe,

Hoje damos- Te infinitas graças pelo Teu Sim, pelo dom do Teu Filho nas nossas vidas. Ensina-nos a construir uma intimidade entre nós e Ele. Bendito e louvado seja Nosso Senhor para sempre!


A minha humildade conquista o teu coração. Comentário para os esposos: Mateus 23, 1-12

Evangelho do dia
Leitura do Santo Evangelho segundo São Mateus 23, 1-12
Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam as filactérias e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».

 
A minha humildade conquista o teu coração.

Jesus propõe-nos um caminho que se contradiz com os critérios do mundo: o caminho da humildade, do serviço em silêncio, do coração que se agacha por amor. No casamento, esta é uma das chaves para uma união verdadeira: não procurar ter razão, mas dar a vida. Não impor critérios, mas entregar o coração. Em muitas ocasiões, entre os esposos queremos dominar, ter a última palavra, demonstrar que sabemos mais, que fazemos mais, que merecemos mais. Mas Jesus diz-nos no Evangelho que quem se coloca acima será humilhado. E não porque Deus queira humilhar, mas porque o orgulho sempre nos deixa sozinhos, enquanto a humildade une e engrandece o amor. Humilhar-se no casamento não é perder, mas ganhar o coração do marido /da mulher. Por isso vemos que o orgulho fecha portas, mas a humildade as abre. A soberba endurece o trato, a humildade suaviza-o. Cristo ensina-nos que a verdadeira grandeza está em ser o primeiro a amar, a servir, a perdoar.

Transposição para a vida Matrimonial:

Roberto: Olá querida. Comprei uma televisão nova. Não gosto de como está a imagem da que temos.
Júlia: Mas porque é que não me perguntaste, Roberto? É muito dinheiro…
Roberto: Eu sei como gerir o dinheiro. Para isso é que o ganho. Ou achas que não o faço bem?
Julia: Isto não é só teu. Preciso de me sentir parte das decisões da nossa casa.
Roberto: Já estás a fazer-te de vítima…
(Faz-se um silêncio triste na casa e a Roberto ressoam-lhe as Palavras de Jesus na Eucaristia, “Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.)
Roberto: Julia, desculpa. Pensei que ias arranjar motivos para não comprá-la e justifiquei-me dizendo que sou eu que ganho o dinheiro, e comprei-a. Desculpa-me por não te valorizar e por colocar os meus critérios à frente dos teus. Toma o meu cartão para que tudo o que for comprar daqui em diante tenha que te consultar.
Julia: Claro que te desculpo. E dou graças a Deus porque está a fazer de ti um novo marido.
Roberto: Querida, vou preparar-te um jantar especial, e depois rezamos juntos o terço.

Mãe,

Obrigado por seres o grande exemplo de humildade, de simplicidade, de acolhimento. Ajuda-nos a responder como Tu, sendo sempre os mais pequenos, sem procurar reconhecimento. Bendito e louvado seja Nosso Senhor!


Estou a enganar-me? Comentário para os esposos: Mateus 22, 34-40

Evangelho do dia

Leitura do Santo Evangelho segundo São Mateus 22, 34-40

Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».

 

Estou a enganar-me?

Quantas vezes tentaram armar uma cilada a Jesus. No entanto, Ele nunca caiu na armadilha, mas antes iluminava com a Verdade, que é eterna.

De igual forma, também hoje nos diz o mesmo, no nosso tempo. E nós, na nossa vocação de esposos, para cumprir o primeiro mandamento, temos necessariamente de passar pelo segundo — e vice-versa.

Não podemos amar o nosso marido / a nossa mulher se não amarmos primeiro a Deus, que é a fonte do Amor, e não podemos dizer que amamos a Deus se não amarmos o nosso marido / a nossa mulher.

O modo como amo o meu marido / a minha mulher é o modo como reflito o Amor de Deus. Porque quem diz que ama a Deus e não ama o seu marido / a sua mulher (o seu próximo mais próximo) está a enganar-se.

 

Transposição para a vida Matrimonial:

Chico: Bom dia, querida! Vou aproveitar que é Domingo para ir à Missa e depois combinei com o Óscar para jogar uma partida de padel, parece-te bem?

Clara: E isso porquê? Chico, noutro dia combinámos que hoje, depois da Missa, íamos fazer planos juntos, que é raro termos um dia tranquilo…

Chico: Pois é, Clara, mas o Óscar disse-me que está com um problema e queria encontrar-se comigo para conversar. Por isso não sei a que horas volto.

Clara: Não me parece bem, mas se achas que é mesmo necessário…

(Mais tarde, ao voltar a casa depois da Eucaristia)

Chico: Querida, desculpa-me. Estava a rezar na Missa e o Senhor fez-me ver que esta manhã não te estava a amar, e que se quero amá-Lo, tenho de o fazer através de ti. Sabes que mais? Vou dizer ao Óscar que já tínhamos planos e que, se quiser, podemos combinar outro dia para almoçar ou algo assim, está bem?

Clara: Ai, obrigada Chico! Finalmente vamos poder estar um bocadinho sossegados, só nós os dois, que ultimamente tem sido uma confusão. Gosto imenso de ti.

Chico: Obrigado eu, Clara, por me aproximares do Senhor através de ti.

 

Mãe,

Tu, que cumpriste perfeitamente estes mandamentos, ajuda-nos a tê-los sempre presentes e a cumpri-los.

Louvado seja o Senhor para sempre!