Arquivo mensal: Agosto 2025

O dom não apreciado. Comentario para os Esposos: Lucas 4, 16-30

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 4, 16-30

Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, onde Se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou
na sinagoga a um sábado e levantou-Se para fazer a leitura. Entregaram-Lhe o livro do
profeta Isaías e, ao abrir o livro, encontrou a passagem em que estava escrito: «O Espírito
do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a
liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor». Depois enrolou o livro,
entregou-o ao ajudante e sentou-Se. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga.
Começou então a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que
acabais de ouvir». Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras
cheias de graça que saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?».
Jesus disse-lhes: «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Faz
também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum».
E acrescentou: «Em verdade vos digo:
Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que havia em
Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três
anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi
enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em
Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado,
mas apenas o sírio Naamã».
Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se,
expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade
estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles,
seguiu o seu caminho.

O dom não apreciado.

Esta passagem convida-nos a refletir sobre um fenómeno comum na vida dos casais: a
dificuldade de reconhecer a grandeza e a ação de Deus naqueles que nos são mais
próximos. Jesus é rejeitado precisamente por aqueles que o conhecem desde criança. A
familiaridade impede-os de ver o que Deus está a fazer através d´Ele. No casamento,
pode acontecer algo semelhante: com o tempo, deixamos de «ver» o outro, o seu
valor, os seus dons ou mesmo o seu sofrimento, porque o tomamos como
garantido. O «amor» (o amor mal compreendido) pode esfriar, mesmo sem a
existência de grandes problemas, mas simplesmente pela rotina, pelo hábito e pela
falta de admiração ao não reconhecer a digníssima criatura e filho de Deus que é o
nosso cônjuge. O Senhor convida-nos a olhar para o nosso/a esposo/a com os olhos de
Deus, com ternura renovada, valorizando a sua história, as suas feridas, os seus dons.
É bonito ver nesta passagem como Jesus não se acomoda às expectativas do seu povo. Na
nossa vida matrimonial, também é vital aceitar que o outro não é exatamente como
eu quero que seja, mas como é. Amar não é moldar o outro à minha imagem, mas acolhê-
lo e acompanhá-lo no seu processo e entregar-me tal como eu sou e tal como o
outro é. A reação violenta das pessoas perante Jesus alerta-nos para o perigo de nos
fecharmos à mudança, de não deixarmos que o Espírito nos confronte e transforme. No
casamento, isso pode traduzir-se em orgulho, teimosia ou medo de ceder. Mas o amor
maduro requer humildade, escuta e abertura à correção mútua

Transposição para a vida matrimonial

Julio: Sabes uma coisa? Desde que fizemos o retiro do Projeto Amor Conjugal, estou a
descobrir uma Rosa que antes estava a perder. Agora vejo-te cada vez mais como
uma dádiva para mim e, verdadeiramente, a minha ajuda adequada em tudo.
Rosa: Que bonito, Julio, muito obrigada. Eu também tento, embora, como tu deves ter
percebido, muitas vezes não consiga e volte a cair na tentação de não olhar para ti com o
olhar com que o Senhor te olha.
Julio: Bem, eu também não sou perfeito, mas reconheço que, assim que começo a
perceber que estou a criticar-te interiormente, o Senhor dá-me a graça de
perceber isso e tento, por todos os meios, não me regozijar com esses maus
pensamentos. Há vezes em que não consigo e é aí que estrago tudo e começam as
discussões.
Rosa: Isso é fundamental. Tentar ter esse autocontrolo, que para mim é tão difícil.
Quando não consigo controlar isso, todo o meu passado se revolta e não consigo sair
das minhas críticas e dos meus maus pensamentos em relação a ti. Muitas vezes, o
demónio apanha-me e eu caio na vitimização e na autocompaixão, sem prestar atenção a
todas as coisas boas que posso fazer por mim e pelos miúdos.
Julio: Bem, muitas vezes eu também não te facilito as coisas. Tu sabes que eu não sou
perfeito e, quando penso nisso, e embora tu também não sejas, percebo como te torno
difícil a tarefa de alcançar esse autocontrolo e redescobrir o valor que tenho aos olhos de
Deus.
Rosa: Olha, deste-me ótimas ideias: vou começar a aplicar o que me disseste e vou
tentar parar desde o início os maus pensamentos e, ao contrário, tentar sempre
ver-te como um dom para mim.

Mãe,

Ajuda-me a redescobrir o valor do meu/minha esposo/a todos os dias, a aprender a olhar para ele/a com a tua misericórdia e a reconhecer que ele/a é um instrumento de Deus para mim. Louvado seja o Senhor!

O teu esposo é o convite. Comentario para os Esposos: Lucas 14,1.7-14

EVANGELHO

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 14, 1.7-14

Naquele tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não ocupes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Jesus disse ainda a quem O tinha convidado: «Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos, não seja que eles por sua vez te convidem e assim serás retribuído. Mas quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que te retribuir: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.

O teu esposo é o convite

No coração de Cristo, estamos em primeiro lugar, e Ele convida-nos para o Seu grande banquete. Mas rejeitamos o convite, traindo-o: espionado, preso, julgado, esbofeteado, espancado, ridicularizado, flagelado, condenado, empurrado, insultado, ultrajado, perfurado, esticado, crucificado, abandonado, maltratado, traspassado, assassinado, sepultado… e, finalmente, ressuscitado pelo Seu Pai e sentado à Sua direita.

Em que coração queres viver e ocupar o primeiro lugar: no d’Ele ou no teu? No primeiro morres para viver, no segundo vives para morrer.
A que festa desejas ir: ao grande banquete do Céu ou a uma festa triste, de “garrafão” numa estalagem má, com ressaca eterna?
Talvez te perguntes quando e onde será o grande banquete, que manjares se servirão, ou como deverás ir vestido. A resposta está no coração do teu Esposo.
O teu Esposo é o convite de Deus para o banquete. Na Sua intimidade está a grande promessa. No nosso sacramento, a porta de entrada. Queres assistir? Queres ser santo?

Transposição para a vida matrimonial

(Luís fala com Pedro, o seu tutor, acerca do seu matrimónio com Maria)

Luís: Ontem disse-me que já não sente nada por mim, que quer ir-se embora. Pediu-me o divórcio.
Pedro: Vem, dá-me um abraço. Tens consciência de que não estás sozinho, não é?
Luís: Sinto uma impotência tão grande!
Pedro: Talvez tenha chegado o momento de Lhe pedires que seja Ele a agir.

Luís: Como?

Pedro: Pergunta a ti mesmo: quem ocupa o primeiro lugar no teu coração, o sofrimento da Maria ou o teu? Quando te entregas a ela, fazes com pureza de intenção, ou esperando algo em troca? A tua entrega é total, ou reservas algo para ti? Foste-lhe fiel? Não apenas no que fazes, mas também no que pensas e desejas.
Luís: Então… a culpa é minha?
Pedro: Não se trata de culpa. Trata-se de perceberes que tens o poder de Cristo para viveres a verdade no teu matrimónio. A alegria reúne, a dor une. Repara, na alegria todos nos reunimos em volta de Cristo. Mas é na dor que verdadeiramente nos unimos a Ele.
Luís: E por onde começo?
Pedro: Começa diante do Santíssimo. Não Lhe digas nada, não Lhe imponhas nada. Humilha-te simplesmente e pede-Lhe que te mostre a tua verdade. Não tenhas medo. Quando Ele te mostrar a tua miséria e tu a reconheceres, o Seu Espírito virá, e com a Sua caridade poderás apoiar a Maria.

Luís: É que não tenho forças… nem esperança.
Pedro: Luís, mesmo que não o vejas, agora recebeste uma graça enorme. Chegaste ao ponto em que já não basta a tua fé nem a tua esperança: precisas de pedir a de Cristo. Pensamos que, porque tudo corre mais ou menos bem, estamos em paz… Mas vamos morrendo lentamente. Para viver a verdade de Cristo é preciso nascer de novo, e sofrer dores de parto. Mas não há nada mais pleno do que viver na verdade que só o Seu Espírito pode dar.

Luís: Pedro, vou precisar muito de ti neste caminho. Agora custa-me muito ver o que me dizes.
Pedro: Vamos precisar apenas d’Ele. E, mesmo que agora não o vejas, para isso serve a Fé. E, entretanto, na Sua Esperança, eu esperarei contigo.

Mãe,

Esposa perfeita que permaneceu fiel ao Esposo, ensina-me o caminho.


Os talentos são de Nosso Senhor. Comentário para os esposos: Mateus 25, 14-30

Evangelho do dia
Leitura do Santo Evangelho segundo S. Mateus 25, 14-30

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas, o que recebera um só talento foi escavar a terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: ‘Senhor, confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te pertence’. O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu. Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez. Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’».

 

Os talentos são de Nosso Senhor

Nesta parábola, o Senhor deixa claro que os meus talentos não são algo que me pertence por direito próprio — são dons que Ele me concedeu para que os administre e os coloque a render, cumprindo a missão que me confiou. E essa parte, sim, já me compete a mim: sou responsável por colocar as minhas qualidades ao serviço, a produzir e a fazê-las frutificar.
O Senhor deu-me algumas capacidades, certos talentos. Quantos? Não importa se são muitos ou poucos. Quais? Aqueles que Ele quis. A questão é que, sejam poucos ou muitos, uns ou outros, não me foram dados para meu exclusivo proveito, nem para os guardar para mim, mas sim para os colocar ao Seu santo serviço. Não são meus, são d’Ele, e a mim cabe-me a tarefa de os administrar.
E Ele promete-me que, se eu for um servo bom e fiel, que usa esses talentos para trabalhar pelo Reino de Deus, eles multiplicar-se-ão e, como recompensa, conduzir-me-ão à Vida Eterna. Isto é extraordinário! Se eu for fiel no pouco — nas tarefas simples do dia a dia, com o meu esposo, com os meus filhos, com a família, com os amigos… Ele promete-me a Vida Eterna! Pode haver maior recompensa?
E eu pergunto-me… o que estou a fazer com os talentos que o Senhor me deu? Estou a colocá-los ao serviço do meu marido / da minha mulher, dos meus filhos, do meu próximo, como Ele espera que faça?

Ou estou a guardá-los e a enterrá-los?

 

Transposição para a vida Matrimonial

Manuel: Cristina, fomos convidados para sermos os pastorinhos do novo grupo de casais que está a ser criado na nossa paróquia. O que achas? Animamo-nos e dizemos que sim?
Cristina: Mas o que estás a dizer, Manuel?! Nós? Nós não somos ninguém! Há tantos casais muito mais preparados do que nós.
Manuel: Foi exatamente isso que respondi no início… mas insistiram. Dizem que nos veem, e que com as nossas qualidades podemos fazer muito bem aos casais do grupo.
Cristina: As nossas qualidades? Que qualidades?
Manuel: Dizem que somos acolhedores, que tu és responsável e que eu sou perseverante… E que devemos rezar sobre isso.
Cristina: Bem… que és perseverante, isso é verdade, ahah… quando te metes com uma ideia, não largas! E que eu sou responsável, acho que também… quando me comprometo com algo, é verdade que tento cumprir com todas as minhas forças… E se eles nos veem como acolhedores… Mas será suficiente? Vamos rezar…
(Mais tarde…)
Cristina: A verdade é que nunca tinha parado para pensar e rezar seriamente sobre os dons que Deus nos concedeu, para que nos foram dados e o que Ele quer que façamos com eles. E sinceramente, não tenho a certeza de que sejamos os mais indicados para liderar um grupo. Vejo-me com poucas qualidades, acho que há pessoas à nossa volta com muito mais.
Manuel: Não será a preguiça a vencer-te, pois não? Porque isto não é uma questão de nos compararmos com os outros. Sabes bem, Deus distribui os dons como quer. Tudo o que nos dá é dom do Seu Amor. A questão é fazer a Sua vontade, colocar ao serviço do Reino de Deus os dons que nos confiou. Não fazer como o servo negligente e preguiçoso da parábola dos talentos, que em vez de os pôr a render, enterrou-os — e por isso acabou por perdê-los.
Cristina: Tens toda a razão, Manuel. Pode ser preguiça… ou talvez um pouco de falsa humildade, que no fundo não deixa de ser amor-próprio. Acho que temos de tentar. Se o Senhor quer que esta seja a forma de colocarmos os nossos dons ao Seu serviço, Ele tornará isso possível. E se não for, Ele há de mostrar-nos. Jesus, eu confio em Ti!

Manuel: Esta é a minha Cristininha! Gosto imenso de ti!

 

Mãe:

Ajuda-nos a reconhecer com humildade os talentos que Deus nos concedeu, que não nos apropriemos deles, e que, como Tu, demos sempre graças a Deus por tudo o que nos dá, em todos os momentos. Ele é a fonte de todo o bem.
A minha alma proclama a grandeza do Senhor! Bendita sejas, Mãe! Louvado seja o Senhor!

A vontade de Nosso Senhor. Comentário para os esposos: Marcos 6, 17-29

Evangelho do dia

Leitura do Santo Evangelho segundo S. Marcos 6, 17-29

Naquele tempo, o rei Herodes mandara prender João e algemá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, a mulher do seu irmão Filipe, que ele tinha tomado por esposa. João dizia a Herodes: «Não podes ter contigo a mulher do teu irmão». Herodíades odiava João Baptista e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes respeitava João, sabendo que era justo e santo, e por isso o protegia. Quando o ouvia, ficava perturbado, mas escutava-o com prazer. Entretanto, chegou um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário natalício, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e às principais personalidades da Galileia.

Entrou então a filha de Herodíades, que dançou e agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que desejares e eu to darei». E fez este juramento: «Dar-te-ei o que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei de pedir?». A mãe respondeu-lhe: «Pede a cabeça de João Baptista». Ela voltou apressadamente à presença do rei e fez-lhe este pedido: «Quero que me dês sem demora, num prato, a cabeça de João Baptista». O rei ficou consternado, mas por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar o pedido. E mandou imediatamente um guarda, com ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi à cadeia, cortou a cabeça de João e trouxe-a num prato. A jovem recebeu-a e entregou-a à mãe. Quando os discípulos de João souberam a notícia, foram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura.

 

A vontade de Nosso Senhor

Hoje celebramos o martírio de São João Batista, de quem seu pai Zacarias disse:

“E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor a preparar os seus caminhos, anunciando ao seu povo a salvação, o perdão dos seus pecados.” (Lc 1, 76-77)

Foi o primeiro mártir por defender a Verdade sobre o matrimónio tal como Deus o concebeu, ao denunciar perante Herodes a ilicitude da sua relação com Herodíades, mulher do seu irmão. São João Batista deu a sua vida para cumprir a Vontade de Deus.

E eu, o que estou disposto a oferecer para cumprir a Vontade de Deus na minha vida? Até onde estou disposto a ir?

Uma coisa devemos ter bem presente: somos chamados à santidade, e o caminho para a alcançar é cumprir a Vontade de Deus.

Somos chamados à vocação matrimonial, e é aí que devemos dar tudo de nós.

Não somos chamados a ser sacerdotes santos, nem religiosos santos… somos chamados a ser esposos santos.

Com a ajuda da Graça de Deus e com o nosso pequeno “sim”, conseguiremos!

 

Transposição para a vida Matrimonial

Mário: Marta, temos que falar …

Marta: Ai Mário, não me assustes, essas palavras trazem-me recordações muito más (quase a tremer).

Mário: É verdade, desculpa. Mas talvez Nosso Senhor tenha querido trazer-nos essa má recordação de quando estivemos prestes a deitar fora o nosso casamento e a nossa família. Lembro-me que foi antes de fazermos o retiro do Projeto.

Marta: Essa recordação já me agrada mais. Que maravilha de retiro! Que grande presente nos deu a tua irmã, sem saber o mal que estávamos, e lembrou-se de o oferecer como presente de Natal. Nunca lhe poderei agradecer o suficiente, a ela e à Nossa Mãe, a Virgem Maria, que foi quem nos levou até lá.

Mário: Pois é precisamente sobre isso que queria falar contigo. Já sei que estamos com o orçamento apertado por causa do colégio dos miúdos…

Marta: É verdade, mas foi a melhor decisão que podíamos ter tomado. A educação dos nossos filhos é fundamental e, como diz uma amiga minha, “se for preciso comer lentilhas todos os dias, então comemos lentilhas”. A mudança que tiveram no novo colégio é outro presente de Nossa Senhora. Ainda ontem a Martinha dizia que já não se sentia um “bicho raro” por ir à Missa e rezar.

Mário: A minha proposta é que devolvamos agora o presente que nos deu a minha irmã. Lembras-te do Lucas, o meu colega de trabalho? Desabafou comigo. Já têm reunião marcada com um advogado para se divorciarem, estão mesmo mal financeiramente, e eu pensei…

Marta (interrompendo): Parece-me uma ideia maravilhosa, acho até que é nossa obrigação. Dar agora aquilo que recebemos, mesmo que seja um sacrifício económico importante. “Dar até que doa”, como dizia a Madre Teresa de Calcutá. Obrigada pela tua generosidade, Mário, ajudas-me muito a ver a Vontade de Deus na nossa vida. Gosto imenso de ti e vou já pôr as lentilhas de molho! Ahahah

 

Mãe:

Para ti, terá sido muito doloroso quando soubeste que tinham decapitado o filho da tua querida prima, Santa Isabel. Sem dúvida, terá sido mais um dos momentos que guardarias no teu coração.

Quanto sofrimento provocamos nos outros quando agimos movidos pelo nosso egoísmo.

Perdoa as nossas fraquezas e ajuda-nos a discernir a vontade de Deus na nossa vida, e a sermos sal e luz para o mundo.

Bendita seja a tua pureza, e eternamente o seja!

Sempre alerta. Comentário para os esposos: Mateus 24, 42-51

Evangelho do dia

Leitura do Santo Evangelho segundo S. Mateus 24, 42-51

Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Ficai sabendo isto: Se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a casa. Por isso, estai também preparados, porque o Filho do Homem virá na hora em que não pensais.»

«Quem julgais que é o servo fiel e prudente, que o senhor pôs à frente da sua família para os alimentar a seu tempo? Feliz esse servo a quem o senhor, ao voltar, encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo: Há de confiar-lhe todos os seus bens. Mas, se um mau servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor está a demorar’, e começar a bater nos seus companheiros, a comer e a beber com os ébrios, o senhor desse servo virá no dia em que ele não o espera e à hora que ele desconhece; vai afastá-lo e dar-lhe um lugar com os hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes.»

 

Sempre alerta

Ao ler este evangelho, pode acontecer que pensemos apenas na morte, no dia em que o Senhor nos chamará à Sua presença, e que devemos estar sempre preparados, pois, como Ele nos diz, não sabemos nem o dia nem a hora. E é verdade, não podemos confiar e deixar tudo para o fim. Estamos numa batalha constante contra o pecado — ele não descansa, e nós também não temos descanso — mas a recompensa é sempre maior: a Graça. E nem te conto o prémio final: o Céu e a eternidade junto de Deus.

Por isso, temos de estar sempre um passo à frente e preparados, sobretudo naquilo que não nos agrada, que nos incomoda, que não nos convém — e ainda mais — sendo sempre a nossa resposta a renúncia e a entrega incondicional.

Os casais têm uma graça especial através do sacramento, que não podemos desperdiçar, e que nos ajuda a estar sempre atentos para acolher o nosso cônjuge na sua fraqueza causada pelo pecado, sem esquecer que essa fraqueza também é minha. Somos chamados a chegar juntos ao Céu, e cada vez que superamos uma ocasião de pecado, é mais um passo rumo à nossa meta.

Para alcançar essa recompensa, temos uma solução maravilhosa: o AMOR sem medida. Como dizia Santo Agostinho: “A medida do amor é amar sem medida.”

 

Transposição para a vida Matrimonial

Maria José: Já estás em casa, Agostinho? Não te esperava tão cedo… não estavas com imenso que fazer no escritório?

Agostinho: Sim, têm sido dias esgotantes, mas apercebi-me de que tenho de pôr limites ao trabalho, senão absorve-me completamente e esqueço-me do resto. Além disso, é o dia do meu santo e temos de o celebrar como merece.

Maria José: Fico tão feliz com essa tua decisão, é incrível como tens melhorado nesse aspecto. E é tão bom ter-te mais em casa.

Agostinho: Sim, antes achava que o trabalho era tudo, essencial para poder ter uma vida tranquila mais tarde. Mas agora não há nada que me relaxe mais do que estar contigo. Graças a Deus, trabalho há muito! e para muito tempo!

Maria José: Já reparaste como a nossa vida mudou nos últimos anos? Antes estávamos mais preocupados com as coisas do mundo, com o que nos apetecia ou não. Dávamos demasiada importância ao dinheiro e, por isso, trabalhávamos horas a mais para ganhar mais e ter uma vida mais confortável. Agora tudo isso ficou em segundo plano. Descobrimos o que Deus tem preparado para nós e colocámo-lo acima de tudo.

Agostinho: Sim, Maria José, foi mesmo assim, e estou encantado por termos descoberto isso. Sempre esteve ali, mas nós não quisemos ver. Crescemos juntos e a nossa relação evoluiu de forma exponencial ao descobrirmos a grandeza do matrimónio. Colocámo-nos, tu e eu, junto de Deus, acima de qualquer outra coisa, e a nossa vida melhorou imenso. Dou graças a Nosso Senhor constantemente por isso.

Maria José: Antes agíamos em função das nossas próprias necessidades, e agora estamos preparados para o que vier, sempre em alerta para fazer a vontade de Deus. E, mesmo que às vezes não seja fácil, não nos cansamos de tentar.

Agostinho: Que maravilha como o Senhor nos está a transformar. Fazemos a nossa oração conjugal e depois preparo-te um jantar de comer e chorar por mais?

Maria José: Que bom! És maravilhoso, e dou infinitas graças a Deus por ti em todos os momentos. Vamos a isso e celebramos o dia do teu santo como deve ser.

 

Mãe:

À luz do Teu exemplo e sob a proteção do Teu manto, ajuda-nos a estar sempre vigilantes e preparados para receber o Senhor. Bendito seja o Senhor que sempre nos espera.