Arquivo mensal: Outubro 2025

Pedir com fé e perseverança. Comentario para Matrimonios: Lucas 11,5-13

Evangelho do dia
 
Leitura do Santo Evangelho segundo S. Lucas 11, 5-13
Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo e for ter com ele a meio da noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou agora de viagem e não tenho nada para lhe oferecer’, e se ele lhe responder lá de dentro: ‘Não me incomodes, a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados; não posso levantar-me para tos dar’.Eu vos digo: embora não se levante para lhos dar por ser seu amigo, ao menos, levantar-se-á, devido à impertinência dele, e dar-lhe-á tudo quanto precisar. Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á. Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!»

Pedir com fé e perseverança

Com que clareza o Senhor nos fala novamente no Evangelho — e com que falta de jeito O acolhemos. Ele diz: “Pedi e ser-vos-á dado”, mas poderíamos traduzir por “reza e persevera”. A oração é essencial para estabelecer uma relação com o Senhor. Reza todos os dias, para que possas pedir a Deus aquilo que realmente precisas, e persevera para O receber. É tão simples quanto isso.
Mas muitas vezes esperamos receber sem pedir, e quando recebemos, achamos que é por sermos bons ou pelo bem que julgamos ter feito — esquecendo que Deus nos dá o que precisamos porque nos ama com uma paixão infinita.
No matrimónio é igual: pede ao teu esposo, e porque ele te ama, dar-te-á sempre o melhor. Não nos esqueçamos: é Deus que nos une através do sacramento, e é pela graça que podemos dar sempre o melhor de nós.

Transposição para a vida Matrimonial

Ana: André, quanta gratidão devemos ter a Deus pelo nosso matrimónio e por tudo o que Ele tem feito em nós através da graça que recebemos desde que começámos a pedir aquilo que realmente precisamos.
André: Sim, e de forma tão especial Ele tem-nos concedido. Basta olhar para o trabalho que acabei por conseguir, depois de tanta necessidade e de chegar a pensar que Ele não me ouvia, apesar de tudo o que Lhe pedia.
Ana: E ainda o bem que te fez e o quanto mudaste através dessa prova tão difícil. Passaste da frustração e da revolta por achares que o Senhor não te escutava, para a mansidão e a confiança, ao perceberes que o que realmente precisavas era de uma pausa para reorganizar a tua vida e reorientar a tua forma de pensar.
André: O único que me custa é o mal que te fiz passar, e peço-te perdão. Sou uma pessoa nova, compreendi que o Senhor só quer o melhor para mim e para nós. Custou-me muito ver isso, mas agora só posso agradecer em todos os momentos.
Ana: Como o Senhor nos ama! E às vezes custa-nos ver isso… é difícil de entender, mas sentir esse amor é algo extraordinário.
André: Isto merece ser celebrado todos os dias. E hoje sou eu que vou dar tudo. Vai descansar um pouco, que eu vou preparar um jantar de comer e chorar por mais.
Ana: Que agradecida estou ao Senhor por te ter colocado na minha vida, para que eu possa ser a esposa mais feliz do mundo. Amo-te.

 

Mãe,

Obrigado, Mãe, por nos ensinares a pedir o que realmente precisamos, a procurar com perseverança e a bater à porta sempre com a certeza de que receberemos resposta. Louvado seja Deus.


Uma janela aberta. Comentário para os Esposos: Lc 11, 1-4

Evangelho do dia

Leitura do Santo Evangelho segundo S. Lucas
11, 1-4

Naquele tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Batista ensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’».

Uma janela aberta

Os discípulos têm visto como Jesus reza frequentemente, se retira para lugares solitários e comunica intimamente com o Pai. Apercebem-se de que a oração está no centro da vida de Jesus e pedem-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar”. A beleza está em que Jesus não lhes explica um método ou uma fórmula, mas que Ele próprio começa a rezar e, deste modo nos deixa  ver o seu precioso Coração. Cada palavra do Pai-Nosso é uma janela para a intimidade de Cristo com o Pai. O Senhor convida-nos a entrar nesta intimidade.

Jesus começa a sua oração com uma palavra que muda tudo: “Pai”. Isto faz-nos tomar consciência da nossa identidade: somos filhos amados. Contemplar esta certeza renova o nosso coração.

Sou um filho, que precisa do Pai, dependente do seu amor, da sua providência, da sua misericórdia, da sua proteção… então, mergulho nos seus braços e, como uma criança pequena, digo-lhe: “Pai, pega-me ao colo, que estou a ficar cansado! Guia-me, que estou a perder-me! Ajuda-me, que sozinho não sou capaz!”

Reconhecendo esta Verdade, podemos iniciar uma relação de amor e de intimidade e então o Pai-Nosso será o Coração de Jesus a bater nos nossos lábios.

Transposição para a vida matrimonial

Álvaro: Leonor, o que achas de rezarmos com as crianças antes do jantar?

Leonor: Olha, acho óptima ideia! Que melhor maneira pode haver para eles conhecerem o Senhor? Depois continuamos com a nossa oração conjugal, está bem?

(O Álvaro e a Leonor perseveraram na oração familiar e conjugal. Todos os dias, antes do jantar, liam o Evangelho e, como Jesus, rezavam em voz alta ao Pai. Pouco a pouco, os seus filhos aprenderam a ter essa intimidade com o Senhor, que transformou as suas vidas).

Mãe,

Gosto muito de imaginar como seriam os vossos pequenos momentos de oração em Nazaré, com Jesus nos teus  braços, repetindo com a sua vozinha os salmos e as orações que tu e José rezavam.

Sagrada Família, fazei do nosso lar uma escola de oração e de amor! Obrigado, Mãe abençoada!


Isso nunca dá certo. Comentario para matrimonios: Lucas 10, 38-42

Evangelho do dia

Leitura do Santo Evangelho Segundo São Lucas 10, 38-42

Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».

Isso nunca dá certo.

Devido à nossa natureza decaída, temos tendência a julgar os outros; e tanto é assim, que até tentamos que Jesus nos dê razão. Desta forma, podemos descobrir-nos como Marta, perguntando ao Senhor o que Ele pensa sobre o que o nosso esposo faz ou não faz, porque me parece que ele deveria mudar e fazer o que eu estou a fazer e como eu estou a fazer. Marta não compreendia como Maria não estava focada no que ela considerava importante e, acima de tudo, não compreendia como essa atitude parecia não importar ao Senhor. Destacamos aqui dois aspectos claros:

A primeira é que Jesus não gosta que nos acusemos uns aos outros de maneira nenhuma e a segunda é que Marta se enganou quanto ao que era importante para o Senhor. Qual é essa melhor parte de que Jesus fala e que Maria havia escolhido? A intimidade com Ele.

Talvez faças muitas coisas, inclusive dentro da Igreja, dedicas-te aos grupos de casais, à catequese, entre outros. Antes do teu trabalho e da tua missão, Deus ama-te e quer ter contigo aquela intimidade que ninguém nos pode tirar, que se forja apenas pela oração e que nos faz ordenar tudo o que fazemos, segundo a Sua vontade, para a Sua glória e não para a nossa. Vê o que Jesus te pede e não julgues o que o outro faz ou não faz, isso nunca dá certo.

 

Transposição para a vida matrimonial:

Rosa: Meu Deus, César, tenho tantas coisas para fazer que não me chegam as horas do dia. Esta manhã estava tão nervosa a pensar em cada assunto que nem consegui rezar, e já há algum tempo que ando assim… muito dispersa… nem te tinha dito.

César: isso não pode ser, minha querida. Nada é mais importante do que a oração. Na oração encontrarás a força e a orientação para fazer tudo o que fazes sempre no Senhor. Nunca adies nada por esse tempo a sós com Ele.

Rosa: Tens toda a razão. Além disso, eu já pensava que tu não te importavas muito com tudo o que temos que fazer e que relativizavas o que eu considero importante… Eu já estava a julgar-te… Desculpa.

César: Eu amo-te, querida. Vou estar mais atento para te ajudar, pois preciso melhorar um pouco nesse aspecto, mas sem a oração não vamos a lugar nenhum, não é?

Rosa: É verdade. Tudo para a Sua Glória.

César: Que assim seja!

Mãe,

Tu viveste sempre intimamente unida ao Coração do teu Filho. Ajuda-me a viver n’Ele, contigo. Louvada sejas para sempre!


Cansados, mas não vencidos. Comentario para os esposos Lucas 10,25-37

Evangelho do dia

Leitura do Santo Evangelho segundo S. Lucas
10, 25-37

Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?». Jesus disse-lhe: «Que está escrito na lei? Como lês tu?». Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo». Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás». Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?». Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?». O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: «Então vai e faz o mesmo».

  

Cansados, mas não vencidos

Para alcançarmos a vida eterna, o Senhor leva-nos às Escrituras, onde aprendemos como devemos amar a Deus e ao próximo. Mas Jesus vai mais longe e esclarece-nos quem é o próximo: é aquele que sente misericórdia e a coloca em prática.

No nosso casamento, temos o próximo já em casa, para o amar em todas as circunstâncias. Talvez não encontremos o nosso cônjuge espancado por ladrões, mas certamente encontrá-lo-emos ferido pelo seu próprio pecado — quando caiu em tentação e a sua fraqueza o deixou abatido. Nesse momento, que pode parecer que é quando menos merece, é precisamente quando mais precisa de ser amado.

E o que vamos fazer? Passar ao lado? Ou até causar-lhe ainda mais dor?

Só com a Graça de Deus podemos crescer em misericórdia. Peçamos a Graça do nosso Sacramento, para sermos a ajuda adequada para esse coração ferido.

Transposição para a vida matrimonial

Rita: Luís, quero pedir-te desculpa, porque hoje à tarde estava nervosa e tratei-te mal. Gritei contigo e perdi a cabeça, estava fora de mim. Quero agradecer-te, porque me acolheste, e isso ajudou-me a acalmar e a recuperar o controlo.

Luís: Realmente vi nos teus olhos a ira em estado puro — até tive  medo! Deves ter passado um mau bocado.

Rita: Amo-te! Eu a gritar contigo e tu a pensares em mim… Como é que consegues?!

Luís: Pela Graça de Deus. Também me lembro do conselho do casal tutor que acompanha o nosso casamento: não olhar para mim mesmo, mas imaginar-te caída no caminho, a precisar de ajuda e de cuidados, como na Parábola do Bom Samaritano.

Rita: Dou graças a Deus por ti, meu amor.

Mãe,

Obrigada por nos mostrares o caminho da caridade conjugal. Bendita sejas para sempre. Ámen.


“O caminho da Fé é a humildade” Comentário para os Esposos São Lucas, 17, 5-10

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas, 17, 5-10

Naquele tempo, os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé». O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’? Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizeis: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’.

O caminho da Fé é a humildade

Muitas vezes olhamo-nos como os autores das obras que Deus realiza através de nós. O Senhor, neste Evangelho, coloca-nos na verdade: “servos inúteis” que, sem Ele, nada poderíamos fazer. Mas também nos mostra que deseja contar connosco. No casamento podemos igualmente assumir uma posição de superioridade em relação ao nosso marido/nossa mulher, usando os dons que Deus nos deu quase como armas contra o outro, provocando uma divisão que, por vezes, acaba numa rutura do casamento.

O que temos que não nos tenha sido dado? Olhemos para o Senhor, que Se abaixa até nós para nos levar com Ele, e façamos o mesmo com o nosso marido/a nossa mulher.

Transposição para a vida matrimonial

Ana: Olá, Miguel! Como correu o dia?
Miguel: Muito bem, Ana. Anda depressa, que temos a catequese e estamos em cima da hora.
Ana: Sim. Olha, era precisamente sobre isso que queria falar contigo…
Miguel: Vejo-te muito séria, o que aconteceu?
Ana: Nada de mau, não te preocupes. Mas esta manhã estive um momento diante do Santíssimo, e no outro dia, depois da reunião com os pastorinhos, que falaram sobre como viver as catequeses, percebi que não as estávamos a viver bem.
Miguel: Pois olha, aconteceu-me algo parecido. Andamos sempre a correr, como hoje; às vezes vemos as catequeses na véspera e não as vivemos. E com a oração conjugal acontece o mesmo: quantas vezes a deixamos de lado.
Ana: Sim. Embora seja verdade que já mudámos muito na forma de nos olharmos e tratarmos, acho que devíamos começar a vivê-las melhor. Se já vimos mudanças fazendo pouco, imagina se vivermos tudo plenamente.
Miguel: Tens razão, gosto da ideia; até agora temos andado pelo 10, agora temos de ir pelo 20!

Ana: Sempre com a ajuda do Senhor, não te esqueças, que nós somos servos inúteis.
Miguel: Sem dúvida! Vamos falar com os nossos pastorinhos e ver de que forma nos podem ajudar.

Mãe,

Tu sempre nos mostras, com a tua humildade, o caminho para chegar ao teu Filho. Não largues a nossa mão para que não nos desviemos e, assim, possamos um dia cantar juntos, cheios de alegria, as maravilhas que o Senhor realizou em nós. Glória a Deus!