Arquivo mensal: Novembro 2025

Um verdadeiro discípulo. Comentario para os Esposos: Lucas 14, 25-33

Evangelho do dia

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 14, 25-33

Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes: «Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo. Quem de vós, desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois de assentar os alicerces, se mostre incapaz de a concluir e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir’. E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro a considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz. Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo».

Um verdadeiro discípulo.

Jesus anda de cidade em cidade seguido por uma multidão impressionada com os seus milagres e as suas palavras. Mas Jesus não deseja admiradores, deseja discípulos dispostos a amar como Ele.

O que implica, na minha vida, seguir Jesus? É que esse seguimento pode ter-se convertido num conjunto de práticas exteriores, de coisas que “tenho que fazer”, num enfeite na minha vida, num complemento espiritual que me faz sentir que faço muitas coisas pelo Senhor, que sou Seu seguidor.

Hoje o Senhor mostra-me a exigência que implica segui-Lo. Não é uma moda, nem um sentimento passageiro. Ser discípulo requer uma exigência que me convida a sair da mediocridade. Requer reordenar as prioridades, os afetos, carregar a cruz, renunciar a mim mesmo e perseverar até ao fim.

Não basta começar o seguimento com todo o entusiasmo. O entusiasmo inicial é importante, mas o que é decisivo é a fidelidade até ao fim. O amor é um projecto de vida e requer previsão, oração, formação, o apoio de uma comunidade na fé e constância…

No nosso casamento também chega uma altura em que Jesus se vira para nós e diz: “Se me queres seguir no teu casamento, se queres que o teu amor seja como o meu, carrega a tua cruz e renuncia a ti mesmo por amor ao outro.” No dia-a-dia, isto concretiza-se na renúncia ao meu orgulho, ao meu egoísmo, ao “eu tenho razão”, aos meus caprichos, ao desejo de controlar…

Quando escolhemos seguir Jesus e carregar a Sua cruz, o casamento torna-se uma torre firme, capaz de resistir a qualquer tempestade. E esse amor, gratuito e entregue, é o que realmente muda as nossas vidas.

Transposição para a Vida Matrimonial

Almudena: Ai Luís, nem imaginas a minha tristeza! O meu irmão diz que vai mesmo separar-se… Diz que o amor entre eles acabou, que já não sentem o mesmo um pelo outro e que a sua mulher não o faz feliz.

Luis: Dito assim, soa a amor imaturo… E o que é que lhe disseste?

Almudena: Lembrei-me do seu bebé chorão… e perguntei-lhe o que sente quando se tem de levantar tantas vezes durante a noite para lhe pôr a chucha. Sente amor? Nesse momento, sente que o bebé o está a fazer feliz?

Luís: Acho que confunde amor com um sentimento. Grande erro e grande engano!

Almudena: É verdade, querem viver um amor à Hollywood, sem cruz. Têm de se decidir a querer amar. Vamos rezar para que sejam capazes de mudar esse “não me fazes feliz” por “quero dar-te a vida”.

Mãe,

Protege-nos para não cairmos nos enganos do maligno e ajuda-nos a continuar a construir a torre do amor com Jesus como cimento. Mãe do amor conjugal, rogai por nós.


Sem esperar a recompensa. Comentário para os Esposos: Lucas, 14, 12-14

Evangelho do dia

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas, 14, 12-14

Naquele tempo, disse Jesus a um dos principais fariseus, que O tinha convidado para uma refeição: «Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem os teus vizinhos ricos, não seja que eles por sua vez te convidem e assim serás retribuído. Mas quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos».

 

Sem esperar a recompensa

Quando fazemos um convite, podemos pensar que há algo nosso que colocamos à disposição dos outros – a nossa casa, a nossa comida, o nosso tempo…

Por isso, fazemo-lo com quem gostamos.

Também é habitual que quem nos estima corresponda a este nosso convite – e até pensamos que é justo exigir essa reciprocidade. No entanto, o Senhor não segue essa lógica. A Sua justiça é diferente.

O que temos, não nos pertence. Foi-nos dado gratuitamente e, por isso, devemos partilhá-lo também gratuitamente, sem esperar que nos deem nada em troca.

Mais, Jesus encoraja-nos a dar precisamente quando sabemos que não vamos ser correspondidos, para garantir que a nossa intenção de nos entregarmos (sem esperar nada em troca) é autêntica.

Ele conhece a nossa fraqueza. No casamento, nos momentos em que nos damos, mesmo sabendo que o nosso cônjuge não vai corresponder (por causa do seu pecado, da sua doença, do seu temperamento…), é aí que estamos a cumprir este mandamento de Jesus. Há muitas ocasiões em que essa ressurreição e essa recompensa chegam ainda nesta vida (no Projeto Amor Conjugal somos testemunhas disso!), e outras em que teremos de esperar até à vida eterna. Só Deus sabe.

Transposição para a vida matrimonial

Pedro: Laura, o psicólogo confirmou o diagnóstico que temíamos. Todos os meus problemas vêm de uma síndrome que me impede de mostrar emoções e compreender as relações sociais. Não vou conseguir dar-te aquilo que tanto me pediste. Isto será para toda a vida, só posso melhorar de forma aparente.

Laura: Estive a ler sobre isso, para saber como te ajudar. Precisamente hoje, o Evangelho falava-me sobre este tema. Sempre te pedi, e até exigi, por vezes, que fosses mais carinhoso e atencioso, e isso foi a origem de muitas discussões. O Senhor pede-me que te acolha na tua verdade. Ele conhece o fundo do teu coração e diz-me que és o Seu deleite. Ele há de ajudar-me a conhecer-te mais e melhor. Deste um passo muito importante por mim, meu amor. Agradeço-te por teres procurado respostas.

Pedro: Temia que já não quisesses passar o resto da tua vida comigo depois de saberes isto.

Laura: Pedro, o Senhor escolheu-nos para estarmos juntos desde toda a eternidade. Ele não se engana, e eu confio n’Ele. Este é o caminho da nossa felicidade, da nossa santidade.

Mãe,

Que a nossa alegria esteja em dar-nos sem esperar nada em troca. Ámen.

Louvado seja Deus!


Acredito que Tu podes fazer novas todas as coisas. Comentário para os Esposos: São João 11, 17-27

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 11, 17-27

Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro há já quatro dias no sepulcro. Betânia ficava perto de Jerusalém, a cerca de quinze estádios, e muitos judeus tinham vindo ter com Marta e Maria, para as confortar por causa do irmão.

Quando Marta ouviu dizer que Jesus estava a chegar, foi ao seu encontro. Maria, porém, ficou sentada em casa.

Disse, então, Marta a Jesus:

«Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido. Mas também sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá».

Disse-lhe Jesus: «O teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Sei que há de ressuscitar na ressurreição, no último dia».

Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida; quem acredita em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e acredita em mim jamais morrerá. Acreditas nisto?».

 Ela respondeu-lhe:

«Sim, Senhor, eu acredito que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que estava para vir ao mundo».

Acredito que Tu podes fazer novas todas as coisas

O Senhor tinha dito dias antes aos seus discípulos que a doença de Lázaro não era de morte, mas sim para glória de Deus; e pela fé das suas irmãs manifesta-se a glória de Deus.
Perante o mal e a morte, a fé pode transformar tudo em Glória de Deus. É o Mistério da Cruz.

Senhor do Céu e da Terra, aqui nos tendes, pedindo-Te com fé que Tu podes salvar todos os matrimónios, mesmo aqueles que não têm consciência de que estão mortos.
Tu fazes novas todas as coisas, todos os matrimónios.

Quantos maridos e mulheres continuam a pedir pela salvação do seu matrimónio, por vezes contra toda a esperança. Tu os sustentas, e pela sua oração e sacrifício manifestar-se-á a Glória de Deus.
Unamo-nos a eles nessa oração incessante e acompanhemo-los.

Transposição para a vida matrimonial

(Na oração conjugal)

Joaquim: Mercês, percebo agora como o nosso matrimónio estava quase morto. Às vezes até me senti abandonado pelo Senhor. Mas depois de começar este caminho de reconstrução, sei que Ele nunca nos abandonou.

Mercês: Sim, também me acontecia; e sobretudo nos momentos de provação; pedia-Lhe, de certa forma, explicações. Mas hoje percebo que Ele está sempre aqui, no meio de nós, e ainda mais nos momentos de provação.

Joaquim: É verdade, mas por amor-próprio não conseguimos vê-Lo e só queremos que Ele tenha em conta os nossos critérios, a nossa maneira de ver as coisas.

Mercês: Mas Ele é o único Caminho, é a única Verdade. Isto que descobrimos é tão grande! E agora somos capazes de ver como Ele nos salvou, nos “ressuscitou”, porque estávamos perdidos.

Joaquim: E tudo para Sua Glória, porque sem Ele nada podemos fazer.

Mercês: São tão grandes os tesouros que Ele nos mostra… Como a oração conjugal, que me está a ajudar tanto a conhecer o teu coração.

Joaquim: E a mim, o teu. Cada dia espero com alegria este momento para partilhar contigo, minha mulher.

Mercês: Só podemos dar graças a Deus por tanto.

Juntos: Obrigado, Senhor! Louvado sejas para sempre!

Mãe,

Ensina-nos a manter a fé mesmo nas situações mais difíceis, para que o Senhor possa fazer tudo novo e para que a Glória de Deus se manifeste ao mundo inteiro.
Glória a Deus!


Em intimidade com Cristo. Comentário para os Esposos: São Mateus 5,1-12a

Evangelho do dia
Leitura do Santo Evangelho segundo São Mateus 5,1-12a
Naquele tempo, ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte. Depois de se ter sentado, os discípulos aproximaram-se dele. Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo:
«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes os que choram, porque serão consolados.
Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu.»

Em intimidade com Cristo

Neste Evangelho, vemos como Jesus, ao ver a multidão, se afasta e sobe ao monte. Não procura o reconhecimento das massas, mas sim o silêncio e a comunhão com o Pai. É dessa intimidade que brotam as Bem-Aventuranças, do coração de Deus. Na nossa vida matrimonial, esta atitude de Cristo convida os esposos a subir também ao Seu “monte”: o lugar do encontro com Deus, onde o amor se purifica e se torna autêntico.
Neste mundo em que vivemos, cheio de ruído e aparências, o casamento cristão não se sustenta pelo esforço humano, mas pela graça que nasce do silêncio partilhado diante de Deus, crescendo juntos nessa intimidade com Ele.
Quando rezamos juntos em casal e nos recolhemos n’Ele, a nossa relação transforma-se: deixamos de viver para sermos vistos e começamos a amar desde o mais profundo, participando da comunhão trinitária que dá vida ao sacramento do matrimónio.
Quando vivemos em casal a partir da oração e da misericórdia, o nosso amor torna-se fecundo e dá fruto; a nossa felicidade já não depende das circunstâncias, mas da presença de Deus que habita entre nós. Assim, nos tornamos um testemunho vivo das Bem-Aventuranças: um amor silencioso, misericordioso e profundamente cheio do Amor de Deus.

 
Transposição para a vida matrimonial:

Luísa: Hoje na Missa, quando o Padre Carlos leu “Bem-aventurados os misericordiosos”, pensei em nós. Ontem fiquei zangada contigo por deixares tudo espalhado depois do jantar… e esta manhã, quando me levantei, ainda estava chateada.
Paulo: Luísa, reparei… e senti-me mal. É verdade que às vezes chego cansado e esqueço-me de te ajudar. Mas isso fez-me pensar: será que ser misericordioso também é perdoarmo-nos nas pequenas coisas?
Luísa: Sim, acho que sim. Às vezes imagino que a santidade está em grandes feitos, e afinal começa nisto: em não ficar presa à zanga, em olhar para ti com ternura mesmo quando não fizeste o que eu esperava.
Paulo: E no meu caso, em pedir-te perdão sem orgulho, em reconhecer que falhei contigo. Talvez ser santos juntos seja mesmo isso: ter paciência, perdoar depressa e continuar a caminhar.
Luísa: Sim… quando consigo perdoar-te de coração, sinto paz. É como se Deus me dissesse: “Isso é amar como Eu amo”. Aí percebo que a santidade não está longe; está em como nos tratamos todos os dias.
Paulo: Então hoje, a nossa forma de viver as Bem-Aventuranças é esta: tu perdoas-me, eu aprendo, e os dois deixamos que Deus nos una um pouco mais.
Luísa: Exactamente, amor. Ser santos, para nós, começa aqui, entre os pratos por lavar e o perdão sincero.

 
Mãe,

Tu que foste pobre de espírito e confiaste sempre em Deus, ensina-nos a viver com humildade, esperança e pureza de coração.
Bendito e louvado sejas para sempre, Senhor!